17 de jan. de 1984
Madrugada em Foco
16 de jan. de 1984
De ponta cabeça
O que fazer quando nada te satisfaz?
Quando as escolhas que você julgou certas
Não poderiam estar mais erradas
Quando você pensava ser autruista o suficiente
Pra se contentar com a felicidade do outro
Ainda que longe de você
E se estava tudo errado?
E se você também não fez nada muito certo
E se a gente não faz sentido junto?
Não é isso que nos apetece?
Ultimamente você havia estado certa tantas vezes
Que acabei achando estar certa dessa também
Mas acho que pra variar
Quem estava certo era eu
15 de jan. de 1984
Linhas da Vida
14 de jan. de 1984
Raspas de Limão
13 de jan. de 1984
Semissônico
12 de jan. de 1984
Chuva de euforia
Mulheres, mulheres
Que decepções mais trarão-me
Não quero teu corpos,
Quero tuas almas
Pra completar a minha
Não quero teus olhos,
Mas teus olhares
Pra me fazer tremer
Não quero tuas bocas, nem teus beijos,
Quero teus sorrisos
Pra espantar esse choro da minha casa
Por fim
Quero vocês por inteiro,
Por tudo que são,
Não pelo que veem ser
11 de jan. de 1984
Meio escura carta ao amor que não se vê - Manifesto à meia luz
Amor,
Eu tô de saco cheio de ficadas sem gosto
De garotas sem cor
Quero um tempero novo
Cheiro, sabor
Quero alguém pra me prender
Me segurar sem me soltar
Alguém pra quem eu possa
Deixar me abraçar
Um cantinho, um violão
Um acorde maior, feliz
Deixar pra trás essa terça menor
Dessa pintura de carvão e giz
Pra aquarela, flor amarela
Campos clarear
Num sono leve, doce
Me jogar e me afogar
E nessa pedaço de guardanapo eu me despeço
Meu espaço não faz jus
Encerro aqui
Meu manifesto à meia luz
10 de jan. de 1984
Café prozaquiano
Acima do infinito, apenas
Paro, penso, prosto
Jogado na sarjeta de atos escrotos
Retrocedo com meus dedos sujos
O relógio da minha testa
Pra voltar, rever, repensar
Me torturo com a indulgência vendida a uma alma sem luz
Besteira!
Pura hipocrisia de mim mesmo
Tão tolo quanto esconder sua cara na frente do espelho
Sento na Crista da alvorada
Espumeiro da uma onda inconsequente
Espumante de lábios inexperientes
Sinceramente?
Pareciam inscrições tão certas
Nos anais de minha moral
Mas joguei as tabuletas pela janela
Como quem bate um cigarro para se livrar das cinzas do outrora carbonizado
Minha ressaca é dura comigo
Vou até a cozinha fazer um café
Ligo o rádio, bem alto
A fim de abafar as vozes na minha cabeça
Ouço
Previsão de uma noite clara como dia
Iluminada por duas estrelas, apenas
Previsão nunca é certa
Mas vamos como Loki vai se sair
Hoje a noite no Ragnarok
9 de jan. de 1984
Amor de poeta
Que habita meus sonhos e memórias
Mulher de doces lábios
Que como vinho, melhoram ao invés de envelhecer
Olhos marcantes
Sorriso único
E o toque
Ah, o toque como só ela sabe tocar
Puxa, sereia sem cauda
Que a risada em canto encanta quem não tomar cuidado
Feiticiera da noite inalcansável
Que esquiva e esgrima com sagacidade inigualável
Ser misteriosa
Algoz
De eu-Fenrir
Trancafiado
E aguardando
Até o fim, desse momento
Quando o confronto!
A deflagração!
A Última Batalha!
...ou não
Que digam as Nornas
8 de jan. de 1984
Do fim ao renascer sem deixar de ser
Quero ser coisa
Desforme aos olhos de quem vê
De forma definida aos corações de quem sente
Quero ser quem sou, sem ser quem querem que ‘seja
Que vão pro diabo que te carreguem com suas filosofias
Visões empedradas em velhas lápides do bon senso
Selando a vida da liberdade, da alegria de viver
Não quero suas regras
Feitas pra limitar a visão
Quero um verde campo de infinitas léguas
Pra enxergar com o coração
Olhos são pros fracos
Que não conseguem imaginar
Que não se permitem alçar vôos mais altos
Que a altura de um passo
Quem se contenta com isso faz uma escolha
Escolha é escolha e só diz ‘ao escolhedor
Que seja o que for
Pra ser, sentir ou deixar passar
Horas e horas e horas
Mas sento sem ver o tempo passar
Figuras repetidas jogadas ao deus dará
Mas quem é você pra dizer se certo ou errado está?
7 de jan. de 1984
O acerto irregular
Os luares não passavam
O tempo se arrastava
Como nunca havia antes
Antes ufânicas, vagas idéias
Agora vagueiram por essas terras
Anjos caídos de alturas
Pousando como plumas
Você apareceu
Vida entardeceu
Verdadeà vida veio
Brotando do fundo do seio
Os poeres chegam logo
Os luares, no céu fogos
Aos céus peço aogra
Que não te levem em má hora
E má hora que não veia
Boa hora pereneia
Conforto que me bate
Do sermão do Abade
Divindade, sacra pureza
Descanso o sonho em sua beleza
6 de jan. de 1984
Meu coração
Àsvezes meu coração me manda pegar a caneta e o papel e rege minhas mãos, vai ver deu vontade nele, vai ver não tinha mais nada pra fazer.
Ele é meio doido, não sabe o que quer. Tem horas que gosta de fazer tudo bonitinho, nos conformes, mas tem horas que ele sai jogando tudo à esmo, como ficar, ficou.
Às vezes ele quer falar de amor
Às vezes quer dizer que tá triste
Certas horas quer falar de Rock n' Roll
E outras horas diz coisas que nunca disse
Meu coração é assim, nem se dê ao trabalho de tentar entender. É mais fácil deixá-lo lá, pra ele ser o que quiser ser
5 de jan. de 1984
Saudosismos desmedidos de minha vida
Ah, se pudesse voltar a vivê-la
Como gostaria de ter de volta aquelas tardes
Tardes sem fim de aventuras no velho oeste
Tenho saudades de minha ivda
Ah, se pudesse curtí-la novamente
Como eram boas aquelas histórias que ouvia
Singelas aventuras fantásticas e inesquecíveis
Tenho saudades de minha vida
Ah, se tivesse outra oportunidade
Gostaria de novamente dar aquelas gargalhadas
Simplesmente viver, sem me preocupar com nada
Mas a vida já se foi
E não vai voltar jamais
Eu agora renasci
Como um reles capataz
4 de jan. de 1984
Não tenho coragem de pular no fogo
Viver a vida à toda
Vivenciar tantas experiencias pra não caber mais
Loucuras, devaneios
Viver uma vida sem freios
Sair por aí
Sem rumo
Sem caminho
Amar o momento até o ultimo fio
De sua vida
3 de jan. de 1984
Eu sou mais eu
Dizem que eu sou um sonhador
Que vivo no mundo da lua
Que não tenho futuro algum
Me perguntam por que eu sou assim
Por que eu gosto de ser diferente
Por que meus ouvidos ouvem assim
E minha boca fala assado
Elas ficam em volta de mim, apontando
Comentando cada detalhe
E fazendo caras como se eles fossem ruins
E vocês que não sabem amar?
Que não sabem abrir o coração
E deixar sair o que está dentro de vocês?
2 de jan. de 1984
Relatos do trajeto
De um caminho tortuoso
Em busca de uma vida de gozo
Minha boca tem feridas
De golpes que levei
São marcas de tudo pelo que passei
Minha boca tem feridas
Da mordida do anseio
Por anseiar pelo fim
E não aproveitar o meio
1 de jan. de 1984
A partir de agora
Deixá-los respirar ar fresco
E serem banhados pela luz
Libertos das páginas agora
Das pautas, como um cerco
Ao meu coração farão jus
Voam livres nessa hora
Livres daquele aperto
Se libertam da cruz